compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um cão dá-lhe pão caga o cão
revende o cão compra pão caga o pão
compra um pão come pão caga o pão
não compra não come não caga morre
Alberto Pimenta
Os Entes e os Contraentes
1971
Antologia de textos com cães dentro.
terça-feira, 29 de maio de 2007
NEGRUME
3.
vi os homens no carro celular, os cães fodidos.
por cima de mim estava o ramo,
havia céu, estrelas. mas os cães
ladravam à minha passagem, acossados.
no tempo em que me interrogava,
no tempo em que tinha uma ânfora, azeite e cereal,
fixava a atenção na iridescência. a cristaleira
à minha frente era um espelho.
mas sou agora um homem só. os cães fodidos
ladram na distância, ladram, ladram desabridamente.
e o brilho, assim translúcido,
é agora a minha maior pena, o meu maior desgosto.
vi os homens no carro celular, a neblina cinzenta.
às vezes Deus esmaga-nos o peito, reclama-nos.
o que gela é escuro como uma torrente de gritos.
meu amor, tremo de frio, a noite é vasta.
os cães fodidos. o barco, a viagem. nada espera.
de novo o carro celular volta ao lugar
em que a semente estiola e a boca arde.
não sei de ti, de mim, da nossa sombra.
noutros lugares o aceno é o sinal
da transposição do limite. a nuvem abre-se
ao sulco tracejante, ocre ou grená.
e é possível ver fazer chover.
aqui, assim, na barra da ausência,
só é possível ver as torres altas, os guardas
que vigiam, a arrogância
dos que nos servem o vinho e a abundância.
são desabridos os nossos sentimentos.
o desejo é um cão. os mortos
visitam-me ao crepúsculo. estou em fogo.
vi o carro celular. os cães fodidos.
hei-de dizer às crianças: foi assim
que em golpes de sangue o meu amor morreu.
não sei já para que serve a verdade.
Deus existe, não existe, reclama-nos.
Amadeu Baptista
Negrume
2006
vi os homens no carro celular, os cães fodidos.
por cima de mim estava o ramo,
havia céu, estrelas. mas os cães
ladravam à minha passagem, acossados.
no tempo em que me interrogava,
no tempo em que tinha uma ânfora, azeite e cereal,
fixava a atenção na iridescência. a cristaleira
à minha frente era um espelho.
mas sou agora um homem só. os cães fodidos
ladram na distância, ladram, ladram desabridamente.
e o brilho, assim translúcido,
é agora a minha maior pena, o meu maior desgosto.
vi os homens no carro celular, a neblina cinzenta.
às vezes Deus esmaga-nos o peito, reclama-nos.
o que gela é escuro como uma torrente de gritos.
meu amor, tremo de frio, a noite é vasta.
os cães fodidos. o barco, a viagem. nada espera.
de novo o carro celular volta ao lugar
em que a semente estiola e a boca arde.
não sei de ti, de mim, da nossa sombra.
noutros lugares o aceno é o sinal
da transposição do limite. a nuvem abre-se
ao sulco tracejante, ocre ou grená.
e é possível ver fazer chover.
aqui, assim, na barra da ausência,
só é possível ver as torres altas, os guardas
que vigiam, a arrogância
dos que nos servem o vinho e a abundância.
são desabridos os nossos sentimentos.
o desejo é um cão. os mortos
visitam-me ao crepúsculo. estou em fogo.
vi o carro celular. os cães fodidos.
hei-de dizer às crianças: foi assim
que em golpes de sangue o meu amor morreu.
não sei já para que serve a verdade.
Deus existe, não existe, reclama-nos.
Amadeu Baptista
Negrume
2006
OS BICHOS
Parece o movimento
de uma serpente,
este caminho que percorro
todos os dias
ao encontro do cansaço.
E nas bermas
gatos esventrados.
E no centro,
bem no centro,
alguns cães pisados.
Bichos que sem culpa
prefiro pensar adormecidos.
Henrique Manuel Bento Fialho
Entre o dia e a noite há sempre um sol que se põe
2000
de uma serpente,
este caminho que percorro
todos os dias
ao encontro do cansaço.
E nas bermas
gatos esventrados.
E no centro,
bem no centro,
alguns cães pisados.
Bichos que sem culpa
prefiro pensar adormecidos.
Henrique Manuel Bento Fialho
Entre o dia e a noite há sempre um sol que se põe
2000
segunda-feira, 28 de maio de 2007
VIDA ANÓNIMA (fragmento)
Um cão verde no outro lado do quintal
cresce felinamente para o céu.
Não ladra já.
Apenas ergue a cauda
e fareja no ar
a memória inverosímil do que arde
no espaço fulgurante
entre uma casa e outra
e esse sinal na testa
dos que esperam a serenidade
e tudo ignoram sobre a morte
e a vida que cresce nesse instante.
Ávido cão que do céu fareja
o rastro de um destino que não há -
Amadeu Baptista
A Construção de Nínive
2001
cresce felinamente para o céu.
Não ladra já.
Apenas ergue a cauda
e fareja no ar
a memória inverosímil do que arde
no espaço fulgurante
entre uma casa e outra
e esse sinal na testa
dos que esperam a serenidade
e tudo ignoram sobre a morte
e a vida que cresce nesse instante.
Ávido cão que do céu fareja
o rastro de um destino que não há -
Amadeu Baptista
A Construção de Nínive
2001
O CÃO AZTECA
Iyyar
Meu avô regressou do Brasil ao tempo da candidatura. Trouxe consigo um pequeno cão do Amazonas. Custou-lhe uma fortuna, fazê-lo. Dá horas, dizia, rindo. Era o cão azteca. O nome, na verdade, era Cruzeiro. Vinha pobre. Ele e o podengo (rafeiro) tornaram-se inseparáveis pareciam diminuir de feitio com o passar dos anos, mas para determinadas excursões somente. Acompanhava-o em altitude, no Serrando, a um que outro olival longínquo, e na verdade ao café – única excepção – dentro da vila. De resto, não saía dos muros, nem por perto. O país que ambos viram de uma pensão da Praça da Figueira, ou de um Hotel no Rossio, já não sabemos bem – pareceu-lhes diferente, mais apertado. De uma vez, numa ida a Santiago, trouxe uma coleira vermelha cravada de pequenos filetes metálicos, a fogo, no couro recuado.
Foi um dia, na metade alta e cinzenta da Serra que ouviu rosnar (verificava uma represa) junto a um palheiro perto do Fojão. Foi dentro e viu lá outro cão de pêlo semelhante, vermelhusco. No dia seguinte, voltou muito cedo com o seu – tinha sido ferido, e manquejava ainda um pouco. Levou ambos até à ponta derrubada do fojo pequeno. Deixou o Cruzeiro entrar e seguiu-o com uma lâmpada. O outro, uivava cá fora, bem preso. Veio sair a uma laje de musgo (escapulira-se um lagarto, velho, e restos de penas de pega ou poupa) que antecedia uma reentrância na qual deparou com um loureiro e alguns carvalhos enegrecidos. Mas o cão, nessa curta passagem, desaparecera. Voltou atrás, foi outra vez à maior boca, trouxe o outro, nada. Por fim, o mais pequeno veio trazer-lhe uma coleira, em perfeito estado, aberta, como se tivesse sido desapertada por mão humana.
Ao anoitecer, fez o longo trajecto em direcção à povoação do baio velho. Trazia o mais pequeno. Chegou, era noite cerrada. A velha dama, quando o viu, e conhecendo-o, não disse nada. O cão não saía o portão. Cerca de um mês depois apareceu morto junto à porta cocheira. O Avô viveu uma década mais e com frequência ia à montanha em busca “do rafeiro vermelho”. Guardara a coleira numa gaveta que fizera, de propósito, na sua secretária. Junto dela havia um pé de cabra que trouxera da fronteira, no Brasil. Ficaram abertas toda a noite no dia seguinte ao seu trespasse.
Gil de Carvalho
A Cidade de Cobre
Cotovia, 2001
Oferecido por Rui Almeida.
QUE FAÍSCA FUGIU DO TEU OLHAR
Nunca consegui despedir-me
dos meus mortos. Porque partíamos
para outras cidades, outras ruas, outros
sítios de despedida. Transporto
comigo esses finais antecipados,
novelos sem ponta, mimeses
sucessivas.
Mas os meus animais
sempre de mim se despediram, desde
o tigre domestico, envenenado no quintal
por uma velhinha sinistra que
queria preservar as alfaces,
até ao meu último cão, escondido
no último dia, no canto mais escuro
da garagem, um sitio de partidas
que ele conhecia.
Vem dos animais
uma tal inteireza, um até ao fim, até
que a morte nos separe, tão intensamente
farejado, tão comovidamente lambido. O clarim
de um miado ao abrir a porta. O latir
festivo de todas as chegadas. A probidade
do humilde estado de andar
a quatro. A alegria arcaica de trincar, rilhar
o esburgado osso, o looping de garras
fulminantes para suster um voo. Endoidecer
ao cheiro do pescado. Escutar
sons inaudíveis, danado de atenção.
Só os nossos animais nos lançam longos e
verdadeiros olhares de saudade, antes
de partirem, na sua perfeita condição
de seres indivisíveis, para a ventura de
nenhum Hades, nenhum céu.
Agosto, 2003
Inês Lourenço
Inimigo Rumor, número 15
2º semestre 2003
Oferecido por Rui Almeida.
dos meus mortos. Porque partíamos
para outras cidades, outras ruas, outros
sítios de despedida. Transporto
comigo esses finais antecipados,
novelos sem ponta, mimeses
sucessivas.
Mas os meus animais
sempre de mim se despediram, desde
o tigre domestico, envenenado no quintal
por uma velhinha sinistra que
queria preservar as alfaces,
até ao meu último cão, escondido
no último dia, no canto mais escuro
da garagem, um sitio de partidas
que ele conhecia.
Vem dos animais
uma tal inteireza, um até ao fim, até
que a morte nos separe, tão intensamente
farejado, tão comovidamente lambido. O clarim
de um miado ao abrir a porta. O latir
festivo de todas as chegadas. A probidade
do humilde estado de andar
a quatro. A alegria arcaica de trincar, rilhar
o esburgado osso, o looping de garras
fulminantes para suster um voo. Endoidecer
ao cheiro do pescado. Escutar
sons inaudíveis, danado de atenção.
Só os nossos animais nos lançam longos e
verdadeiros olhares de saudade, antes
de partirem, na sua perfeita condição
de seres indivisíveis, para a ventura de
nenhum Hades, nenhum céu.
Agosto, 2003
Inês Lourenço
Inimigo Rumor, número 15
2º semestre 2003
Oferecido por Rui Almeida.
100.
Só o cão, esse amante imediato, gania agonicamente toda a malignidade dum reconhecimento tão lento.
Maria Velho da Costa
Da rosa fixa (prosas)
1978
Oferecido por Rui Almeida.
Maria Velho da Costa
Da rosa fixa (prosas)
1978
Oferecido por Rui Almeida.
sábado, 12 de maio de 2007
O MEU CÃO TEM TRÊS PERNAS
O meu cão tem três pernas,
porque tiveram de lhe cortar uma.
Perguntei-lhe como é que se sentia,
olhou para mim e disse: "Foleiro!".
Costumava passear muito com ele e o meu pai, à noite,
mas agora ele já não
pode e por isso vamos só até ao parque.
Mas eu gosto à mesma do meu cão,
apesar de ele já não ser o que era.
Sabem, o nome dele era Veloz,
mas agora talvez não lhe ficasse bem:
escolhemos de entre sete ou oito palavras ternas
Stool, que quer dizer banco de três pernas.
Gez Walsh
Trad. Hélder Moura Pereira
aguasfurtadas n.º10
Outubro 2006
porque tiveram de lhe cortar uma.
Perguntei-lhe como é que se sentia,
olhou para mim e disse: "Foleiro!".
Costumava passear muito com ele e o meu pai, à noite,
mas agora ele já não
pode e por isso vamos só até ao parque.
Mas eu gosto à mesma do meu cão,
apesar de ele já não ser o que era.
Sabem, o nome dele era Veloz,
mas agora talvez não lhe ficasse bem:
escolhemos de entre sete ou oito palavras ternas
Stool, que quer dizer banco de três pernas.
Gez Walsh
Trad. Hélder Moura Pereira
aguasfurtadas n.º10
Outubro 2006
INTERRUPÇÃO
Sonhos que se repetem, não continuam.
Figuras levadas em escadas rolantes.
Ninguém sabe quem. Lugares de passagem.
Manequins afogam-se em cabines telefónicas.
Aqui vejo lábios além tornozelos.
Expostos, à venda. Bonecos perigosos.
Misturo-os a objectos que logo se desfazem.
Encontram maneira de não se destruírem.
Aqui vejo lábios, além tornozelos.
O momento fecha a sala de espera.
Não se alugam quartos. Cuidado com o cão.
Lembro. A tua boca é uma sala de espera.
O momento tropeça no momento seguinte.
Repete-se e cai. Não continua.
Rogério Rôla
aguasfurtadas n.º10
Outubro 2006
Figuras levadas em escadas rolantes.
Ninguém sabe quem. Lugares de passagem.
Manequins afogam-se em cabines telefónicas.
Aqui vejo lábios além tornozelos.
Expostos, à venda. Bonecos perigosos.
Misturo-os a objectos que logo se desfazem.
Encontram maneira de não se destruírem.
Aqui vejo lábios, além tornozelos.
O momento fecha a sala de espera.
Não se alugam quartos. Cuidado com o cão.
Lembro. A tua boca é uma sala de espera.
O momento tropeça no momento seguinte.
Repete-se e cai. Não continua.
Rogério Rôla
aguasfurtadas n.º10
Outubro 2006
quinta-feira, 3 de maio de 2007
AFORISMOS DE PASTELARIA
Aforismos de dona Bina
Há cães que têm a personalidade dos donos. E há donos que têm a personalidade dos cães.
Não ouvido na rua
- Como é que tens medo de cães se cresceste rodeado deles?
- Olha, da mesma forma que cresci rodeado de pessoas e não perdi o medo delas.
Januário
Januário tinha bom feitio. O seu cão é que não. Quando se encontravam era Januário que abanava o rabo.
Vida canina
A vida na cidade está cada vez mais canina, diz o homem à esquina, sem saber que os cães que pela trela traz também são responsáveis por isso.
Vestido para matar
Durante o dia era um labrador. À noite transformava-se num rottweiler.
Vingança barata
Dois homens brigavam até à morte num descampado. Os cães, à volta, faziam apostas.
Ainda a obsessão com canídeos
Uma vez por semana, as senhoras da Mexicana juntavam-se num descampado para a luta de caniches.
Nuno Costa Santos
Melancómico
2007
Há cães que têm a personalidade dos donos. E há donos que têm a personalidade dos cães.
Não ouvido na rua
- Como é que tens medo de cães se cresceste rodeado deles?
- Olha, da mesma forma que cresci rodeado de pessoas e não perdi o medo delas.
Januário
Januário tinha bom feitio. O seu cão é que não. Quando se encontravam era Januário que abanava o rabo.
Vida canina
A vida na cidade está cada vez mais canina, diz o homem à esquina, sem saber que os cães que pela trela traz também são responsáveis por isso.
Vestido para matar
Durante o dia era um labrador. À noite transformava-se num rottweiler.
Vingança barata
Dois homens brigavam até à morte num descampado. Os cães, à volta, faziam apostas.
Ainda a obsessão com canídeos
Uma vez por semana, as senhoras da Mexicana juntavam-se num descampado para a luta de caniches.
Nuno Costa Santos
Melancómico
2007
terça-feira, 1 de maio de 2007
CÃES, MARINHEIROS
Era um cão que tinha um marinheiro. O cão perguntou à esposa, que se pode fazer de um marinheiro? Põe-se de guarda ao jardim, respondeu ela. - Não se deve deixar um marinheiro à solta no jardim, que fica perto do mar. Um marinheiro é uma criatura derivada por sufixação, e pode recear-se o poder do elemento base: o radical mar. Em vez de guardar o jardim, ele acabaria por fugir para o mar. - Deixá-lo fugir, disse a esposa do cão. Mas ele não estava de acordo. Que um facto deveria ser esse mesmo facto até ao limite do possível: quem possui um marinheiro para guardar o jardim deve procurar mantê-lo a todo o custo, assim como o cão, ou o casal de cães, que não tiver um marinheiro deve não tê-lo até a isso ser absolutamente forçado. - Nesse caso, só nos resta ir para uma terra do interior, longe do mar, disse a cadela. E então foram para o interior, levando pela trela o marinheiro açaimado. Durante o percurso viram muitas paisagens. O marinheiro estava espantado com as paisagens que podem existir longe do mar. Fez diversas observações a esse respeito, provocando o risonho latido dos cães que, pela sua parte, concordavam em que tinham um marinheiro muito inteligente. - Nem todos os cães têm a nossa sorte, disse o cão, pois conheço vários cães que são donos de vários marinheiros estúpidos. Iam por isso bastante contentes e diziam, a outros cães com quem se cruzavam, que possuíam um marinheiro invulgarmente esperto. - Ele tem uma filosofia das paisagens, dizia o cão. Um cão da Estrela, que encontraram naturalmente perto da Serra da Estrela, perguntou-lhes se o marinheiro gostava de sardinhas. - Adora-as, respondeu a cadela. - Isso não me admira nada, disse o indígena. E na verdade não parecia admirado. Quando chegaram ao mais interior possível, alugaram uma casa com um jardim e puseram o marinheiro a guardá-lo. - Guarda-o, disseram. Deixaram-lhe ao lado uma dúzia de latas de sardinhas e foram para dentro de casa. Durante sete dias e sete noites, o marinheiro reflectiu sobre as paisagens do interior e comeu as sardinhas de conserva. Depois foi atacado de esgana, e começou a andar em círculos cada vez mais apertados no meio do jardim. Os cães observavam-no da janela e viam que o seu marinheiro perdia as forças a cada volta. Um dia, ao anoitecer, caiu para o lado resfolegando. - O mar, ouviram-no dizer. Então foram para dentro, e dormiram. De manhã vieram cedo ao jardim e verificaram que o marinheiro estava morto. - Era um marinheiro tão esperto, disse a cadela. - Pois era, disse o cão, foi pena. E enterraram o marinheiro debaixo de uma acácia. Mas como já se haviam habituado à vida do interior, não regressaram ao litoral. Nunca mais tiveram marinheiros. - Para quê?, dizia a cadela, ralações já existem de sobra. E quem se atreve a negar que ela tinha razão?
Herberto Helder
Os Passos em Volta
1963
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